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Publicação 10 out. 2025 · Brasil

Mercado Financeiro: principais notícias de 06 a 10/10

As agendas regulatórias avançaram nesta semana com novos passos na internacionalização do Pix, mudanças estruturais no crédito imobiliário, expansão dos FIDCs e aumento da demanda por seguros ligados a fraudes no sistema de pagamentos. Houve ainda reforço das ações de autorregulação no consignado.

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1. BCB recebe propostas de dois países para integração internacional do Pix

O Banco Central do Brasil (BCB) recebeu propostas formais de dois países interessados em conectar seus sistemas de pagamentos ao Pix, em movimento que pode marcar o início do processo de internacionalização do sistema. As solicitações serão avaliadas pela diretoria colegiada do BCB, que decidirá se incluirá o projeto na agenda de inovação de 2026. O BCB vem sendo procurado por diversas jurisdições que enxergam o Pix como modelo de eficiência e inclusão financeira, mas apenas essas duas propostas apresentaram medidas concretas e cronogramas definidos. Segundo o Valor Investe, o BCB já realizou 51 interações com bancos centrais de todos os continentes — incluindo África, Ásia, Europa e Américas — para compartilhar a experiência brasileira. A internacionalização do Pix, contudo, enfrenta desafios técnicos e financeiros e dependerá da evolução de iniciativas semelhantes em mercados como Estados Unidos e União Europeia. Em paralelo, o BCB avança em novas funcionalidades domésticas do Pix, como o Pix Parcelado e o Pix em Garantia, e prioriza medidas de segurança após recentes ataques cibernéticos a prestadores de infraestrutura. O plano é consolidar o Pix como infraestrutura aberta, segura e escalável, capaz de servir de base para futuras transações transfronteiriças e para integração com moedas digitais de bancos centrais.

BC teve propostas de dois países para conexão ao Pix; desenvolvimento pode começar em 2026

Pix internacional à vista? Dois países pedem licença para se conectar ao sistema de pagamentos brasileiro

Alvo de Trump, Pix atrai consultas de países em busca de modelo popular

2. CMN e BCB aprovam novo modelo de financiamento de crédito imobiliário

Na data de hoje (10), o Conselho Monetário Nacional (CMN) e o Banco Central do Brasil (BCB) anunciaram alterações no modelo de direcionamento dos recursos da poupança, com o objetivo de ampliar o crédito imobiliário e aumentar a eficiência na utilização dos depósitos e instrumentos de captação, como Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e Letras Imobiliárias Garantidas (LIGs). As medidas, que entram em vigor a partir de 2027, viabilizam R$ 111 bilhões em financiamentos no primeiro ano, R$ 52,4 bilhões a mais que o modelo atual, dos quais R$ 36,9 bilhões serão liberados de forma imediata. O novo sistema permitirá que até 5% dos saldos de poupança aplicados em crédito imobiliário sejam deduzidos do compulsório e elevará gradualmente o percentual obrigatório de aplicação de 65% para 100% dos depósitos, sendo 80% destinados a operações no âmbito do Sistema Financeiro da Habitação (SFH), com custo efetivo total limitado a 12% ao ano. O valor máximo dos imóveis financiados com recursos do SFH foi atualizado de R$ 1,5 milhão para R$ 2,25 milhões, permitindo o uso de recursos do FGTS em um universo maior de operações. Também passam a valer, já partir de janeiro de 2026, ajustes no modelo atual para concentrar a obrigatoriedade de aplicação em novas operações de natureza imobiliária e medidas complementares que incluem a possibilidade de sistemas de amortização com componente adicional de segurança, assegurando maior previsibilidade das prestações, e a aplicação do limite de cota de crédito de 60% em operações que compartilhem o mesmo imóvel como garantia.

CMN e BC estabelecem novo modelo de financiamento de crédito imobiliário 

Resolução CMN n° 5.254 de 10/10/2025

Resolução CMN n° 5.255 de 10/10/2025

Resolução BCB n° 512 de 10/10/2025

3. FIDCs se aproximam de R$ 1 trilhão em patrimônio e ganham espaço no financiamento corporativo

Os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) vêm se consolidando como uma das principais fontes de financiamento para empresas, especialmente de pequeno e médio porte, em meio à retração do crédito bancário. O patrimônio da classe atingiu R$ 800 bilhões em agosto, alta de 47% em 12 meses, e o setor já mira a marca de R$ 1 trilhão. Segundo a Uqbar e a Anbima, o número de fundos em operação passou de 2.766 para 3.650 no período, com volume médio por operação de R$ 78 milhões — o menor entre os instrumentos do mercado de capitais. Apesar da abertura ao varejo permitida pela RCVM 175, a concentração de investidores permanece elevada: 28% dos fundos têm cotista único, enquanto apenas 3% contam com mais de 500 cotistas. A estrutura em cotas seniores, mezzanino e subordinadas contribui para mitigar riscos de inadimplência, e os FIC-FIDCs ampliam a liquidez ao investir em cotas de outros fundos. Entre setembro de 2024 e agosto de 2025, a classe registrou captação líquida de R$ 122,1 bilhões, impulsionada pela busca de alternativas de crédito e pela digitalização dos processos de originação e gestão de recebíveis.

FIDCs caminham para chegar a R$ 1 trilhão

FIDCs caminham para chegar a R$ 1 trilhão

4. Cresce demanda por seguros vinculados ao Pix

Na última segunda-feira (06), o Valor Econômico divulgou que a crescente onda de golpes e transações indevidas tem impulsionado a demanda por seguros voltados à proteção de usuários do Pix. O produto, criado há cerca de cinco anos, cobre perdas financeiras decorrentes de coação, extorsão ou sequestro relâmpago durante o uso do sistema de pagamentos instantâneos. Na AXA, as vendas de microsseguros — categoria que inclui o seguro Pix e outros produtos de proteção pessoal — avançaram 44% no primeiro semestre, enquanto na Zurich houve alta de cerca de 30% entre janeiro e agosto. O Banco Sofisa, parceiro na distribuição do produto, registrou aumento médio de 6% ao mês na procura neste ano. O movimento acompanha a consolidação do Pix como principal meio de pagamento do país: em 2024, as transferências somaram R$ 26,46 trilhões, quase cinco vezes o volume de 2021, enquanto as fraudes atingiram R$ 6,5 bilhões, segundo o BCB. O setor oferece coberturas de R$ 3 mil a R$ 50 mil, com prêmios mensais entre R$ 2,90 e R$ 24,99, refletindo a expansão de produtos financeiros associados ao Pix.

Cresce demanda por seguro ligado ao Pix
 

Cresce demanda por seguro ligado ao Pix

5. Autorregulação dos bancos mantém punições a correspondentes por irregularidades no crédito consignado

Nesta terça-feira (07), a Febraban divulgou novas punições aos correspondentes bancários por irregularidades no crédito consignado. A Autorregulação do Crédito Consignado, conduzida pela Febraban e pela ABBC, segue fortalecendo o controle sobre práticas abusivas na oferta e contratação de crédito consignado público e privado. Desde o início de sua vigência, em 2020, já foram aplicadas 1.962 medidas administrativas contra correspondentes, incluindo a suspensão definitiva de 113 empresas e a punição de 7 agentes de crédito (CPFs) que atingiram a pontuação máxima e estão impedidos de atuar por 12 meses. O sistema de autorregulação monitora mensal e anualmente o desempenho dos correspondentes com base em reclamações de clientes, registros em órgãos de defesa do consumidor, ações judiciais e indicadores de conformidade, aplicando advertências, suspensões temporárias para novas contratações e suspensões definitivas conforme a reincidência. As infrações às regras podem acarretar multas de R$ 45 mil a R$ 1 milhão, cujos valores são destinados a projetos de educação financeira. Atualmente, 79 instituições financeiras participam da iniciativa, representando cerca de 99% do volume total da carteira de consignado no país. Entre as ações complementares, o programa “Não me Perturbe” já recebeu quase 5,7 milhões de solicitações de bloqueio de ligações de oferta de crédito, com São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro liderando os pedidos.

Autorregulação dos bancos segue punindo correspondentes por irregularidades na oferta do consignado

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